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terça-feira, 16 de outubro de 2012

POSTAL ESPANHOL





Naquele Natal recebemos um postal com um lindo laranjal. Apenas dizia “Estas laranjas fazem os melhores biscoitos do mundo”. E esta é a sua história.
Na azáfama das últimas compras, entre o rebuliço de muitas mãos enfeitarem o pinheiro, não reparámos que um lindo postal, caído entre os jornais, ao lado do cadeirão do Avô, nos chamava.
Já deveria estar ali há alguns dias, sem que nenhum de nós, passasse os olhos por ele. Ou, se o víamos, não ligávamos. Era mais um, entre tantos, que eram colocados no beiral da lareira. Mais um, a desejar Feliz Natal. E pronto. Continuava ele, caído entre os jornais, ao lado do cadeirão do Avô.
Um dia, depois do jantar, sentá-mo-nos todos junto do Avô. Nos seus dedos esguios, dançava um postal, que na luz da lareira, ganhava vida. Que lindo Avô, gritámos em uníssono. Fez uma pausa, olhou-nos nos olhos, sorriu e com emoção começou a contar a história dos biscoitos de laranja.
Era ele, ainda uma criança como nós, e não gostava de fruta como nós também não. Mas tudo mudou com um simples mas lindo postal de Natal. Vinha de Espanha, onde morava a sua Avó. “Sei que não gostas de laranjas, mas estas são especiais. São grandes e bonitas, como tu um dia serás. Estas, foram plantadas com muito amor, e quando as provares, verás que digo a verdade. Elas, vão-te transformar e sentiras o que digo. Feliz Natal, Beijinhos Avó.” E, com esse postal, um saco cheio de laranjas acompanhar. Todas elas perfeitas no tamanho, delicadas na textura, brilhantes e vivas na cor e deixavam um perfume delicioso ao sair do saco. Esse dia, transformou-o para sempre. A sua mãe, pegava nas laranjas e fazia magia com elas.
Hoje, somos nós, que com um simples prato de biscoitos de laranja, que comemos sempre sentados à volta da lareira, nos deixa com vontade vezes sem conta, de ouvir aquela maravilhosa história do Postal de Natal. E, o Avô, nunca se cansou de a contar.
E, todos os natais, ansiávamos por aquele postal com um lindo laranjal. Não era Natal, sem o Postal!

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