Naquele Natal recebemos um postal com um lindo laranjal. Apenas dizia “Estas laranjas fazem os melhores biscoitos do mundo”. E esta é a sua história.
Na azáfama
das últimas compras, entre o rebuliço de muitas mãos enfeitarem o pinheiro, não
reparámos que um lindo postal, caído entre os jornais, ao lado do cadeirão do
Avô, nos chamava.
Já deveria
estar ali há alguns dias, sem que nenhum de nós, passasse os olhos por ele. Ou,
se o víamos, não ligávamos. Era mais um, entre tantos, que eram colocados no
beiral da lareira. Mais um, a desejar Feliz Natal. E pronto. Continuava ele, caído
entre os jornais, ao lado do cadeirão do Avô.
Um dia,
depois do jantar, sentá-mo-nos todos junto do Avô. Nos seus dedos esguios,
dançava um postal, que na luz da lareira, ganhava vida. Que lindo Avô, gritámos
em uníssono. Fez uma pausa, olhou-nos nos olhos, sorriu e com emoção começou a
contar a história dos biscoitos de laranja.
Era ele,
ainda uma criança como nós, e não gostava de fruta como nós também não. Mas
tudo mudou com um simples mas lindo postal de Natal. Vinha de Espanha, onde
morava a sua Avó. “Sei que não gostas de laranjas, mas estas são especiais. São
grandes e bonitas, como tu um dia serás. Estas, foram plantadas com muito amor,
e quando as provares, verás que digo a verdade. Elas, vão-te transformar e
sentiras o que digo. Feliz Natal, Beijinhos Avó.” E, com esse postal, um saco
cheio de laranjas acompanhar. Todas elas perfeitas no tamanho, delicadas na
textura, brilhantes e vivas na cor e deixavam um perfume delicioso ao sair do
saco. Esse dia, transformou-o para sempre. A sua mãe, pegava nas laranjas e
fazia magia com elas.
Hoje, somos
nós, que com um simples prato de biscoitos de laranja, que comemos sempre sentados
à volta da lareira, nos deixa com vontade vezes sem conta, de ouvir aquela
maravilhosa história do Postal de Natal. E, o Avô, nunca se cansou de a contar.
E, todos os
natais, ansiávamos por aquele postal com um lindo laranjal. Não era Natal, sem
o Postal!
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