Sentada
no sofá quase embalada pelo barulho da chuva, fecho os olhos e recordo os meus
tempos de criança na quinta dos meus Avós. Tempos de felicidade, que na
correria do dia-a-dia, esquecemos.
Ainda me lembro, como se fosse hoje.
E hoje, sou eu que nesse cadeirão, conto a minha história.
No cadeirão do Avô, que estava vetado a todos nós, mas que de raspão, fazíamos dele o nosso forte. O forro já desgastado pelas inúmeras histórias contadas pelo Avô, depois do jantar. Uns sentados ao seu colo, outros juntos aos seus pés, alguns por detrás dele. E tudo começava naquela janela.
A janela que dava para o jardim tinha as cortinas abertas. Posso ver toda a extensão do mesmo quase até à linha do horizonte. Encontra-se como sempre iluminado por tochas, colocadas em diversos pontos. Por escassos momentos, deixo-me levar pela luz e sonho estar debaixo das roseiras, junto ao caramanchão. Um recanto escondido, visitado quando quero estar sozinha. Somente os meus pensamentos me acompanham nessa viagem ao meu maravilhoso mundo interior. Encarno diferentes personagens e visito locais nunca antes desbravados, formando histórias de encantar.
Mas, o que sobressai desses longos verões, é o cheiro daqueles deliciosos biscoitos de chocolate que devorávamos de supetão e da caneca de chá de laranja que nos hipnotizava.
E, hoje, sou eu que faço o mesmo.
Sou eu, que ponho a mão na massa e, faço os biscoitos que me encantavam em pequena.
Que feliz que sou!
Sem comentários:
Enviar um comentário